Por Tiago Bitencourt*
A participação da juventude trabalhadora foi um dos destaques do 14º Congresso da CUT (CONCUT), que aconteceu de 19 a 22 de outubro, em São Paulo. Dos cerca de 2 mil delegados e delegadas no evento da maior central sindical da América Latina, 155 eram jovens. Lá, o grupo defendeu suas pautas emergenciais e representou milhares de trabalhadoras e trabalhadores do país que não puderam estar presentes na atividade.
Mas, apesar da considerável colaboração da juventude, o Congresso deixou claro que muitos desafios precisam ser superados. O mais urgente deles é a ampliação do número de trabalhadores jovens nas direções das entidades sindicais Brasil afora. É uma ação necessária, que aproximará da luta aqueles que estão distantes. É, essencialmente, sobre representatividade.
O trabalhador jovem precisa se enxergar nas entidades que o defendem. E a construção dessa identidade e do sentimento de pertencimento só vai acontecer quando o movimento sindical se permitir renovar.
Isso não quer dizer que os sindicalistas que atualmente estão nas direções precisam sair de cena. Muito pelo contrário, são eles que, ao longo dos anos, têm encabeçado as principais mobilizações em defesa dos nossos direitos, e serão eles os responsáveis por passar o conhecimento para aqueles que virão. Assim, realizaremos um trabalho conjunto e criaremos um espaço democrático em que todos os segmentos de trabalhadoras e trabalhadores se sintam representados.
É fato que a classe trabalhadora tem outro perfil. Não há como negar. Essa nova cara tem organização diferente daquela que estamos acostumados a lidar e, infelizmente, pouca proximidade com o movimento sindical.
E são justamente esses trabalhadores mais distantes dos sindicatos que sentem na pele os retrocessos da precarização das relações de trabalho. Em sua grande maioria, estão em empregos mais precários, sem direitos e sem proteção. E, por não se sentirem representados pelas entidades sindicais ─ principal instrumento de luta ─, se encontram sem voz.
A CUT, como maior central sindical da américa Latina e uma das maiores do mundo, tem o dever de encabeçar essa mudança pelo empoderamento da juventude no movimento sindical.
Nesse processo de aproximação, a comunicação é uma ferramenta primordial. É urgente que o movimento fale a língua do jovem. E ninguém melhor para isso do que o próprio jovem. Sindicalista jovem falando para o trabalhador jovem. Não tem erro! Só assim, conseguiremos quebrar as barreiras entre as entidades sindicais e aqueles que constroem o país.
Mas não basta apenas trazer os jovens para as direções. É preciso também realizar mais cursos de formação, para que esses novos sindicalistas tenham o alicerce necessário para atuar nas bases e desempenhar um trabalho que priorize o senso de coletividade em detrimento da luta individual.
É hora da mudança! O tempo é agora. Não é possível pensar no futuro no movimento sindical sem pensar no empoderamento juventude trabalhadora.