A autonomia econômica é essencial para que as mulheres possam prover seu próprio sustento e decidir sobre suas próprias vidas. Fruto de trabalho e geração de renda, falar em autonomia não engloba somente a questão da independência financeira, mas diz respeito, também, sobre a liberdade para fazer escolhas.
O acesso aos mercados e à renda é parte necessária para que as mulheres tenham autonomia econômica. Mas ela vai além e envolve, inclusive, o direito garantido aos serviços públicos – como saúde e educação – que no atual contexto de retirada de direitos é cada vez mais difícil e implica mais gastos. A autonomia econômica envolve também a capacidade de decidir sobre os tempos e os recursos e de colocar em prática essas decisões. Muitas vezes a resistência dos homens da comunidade é um obstáculo que as mulheres enfrentam para colocar em prática suas decisões.
Falar de trabalho feminino é, muitas vezes, contextualizá-lo com jornadas duplas, quando não triplas. É o trabalho fora de casa. É o trabalho doméstico e o cuidado com os filhos e a família. Funções historicamente atribuídas às mulheres.
Mulheres conquistam autonomia e se libertam de situações de violência
Uma reportagem publicada pelo Brasil de Fato em julho deste ano mostra um belo exemplo de emancipação da mulher do campo. Ao ocuparem espaços de comercialização em feiras da região onde moram, essas mulheres tiveram as vidas transformadas. Leia um trecho da reportagem:
“Hoje ocorre o inverso. Os companheiros nos ajudam a produzir, mas quem comercializa e administra somos nós, as mulheres. A missão da associação é viver uma vida melhor, porque alguns não queriam deixar as mulheres irem às feiras. Mas hoje eles trabalham sem parar na véspera para que possamos ir. A nossa inserção nesses espaços mudou muito a nossa situação financeira”, afirma Olália.
Com a comercialização na cidade, as camponesas conseguiram melhorar a qualidade de vida de suas famílias em diversos aspectos. Passaram a mobiliar suas casas e até mesmo a terem acesso à internet e à tecnologia. Porém, segundo Olália, na ponta desse processo está o que elas consideram o mais importante e uma grande vitória: o fim da violência doméstica.