No último final de semana, passageiros que aguardavam o transporte na Estação Central do Metrô-DF registraram o momento em que houve uma explosão e o túnel em que estava um vagão se encheu de chamas e fumaça. O episódio evidenciou o problema da falta de manutenção do Metrô, com vistas a privatização anunciada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
Para a analista técnica Brenda Lima, que utiliza Metrô diariamente, existem vários problemas no sistema metroviário do DF, que atrasam as viagens e fazem com que os passageiros demorem o dobro de tempo para chegar no destino. “Geralmente em horário de pico as pessoas são prejudicadas com esse serviço. Falam que fazem manutenção, mas percebo que não, porque no dia seguinte continua a mesma coisa, com vagões fora de serviço, de uma estação para outra o Metrô para do nada”, relatou Brenda que é moradora da Ceilândia.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Metroviários do Distrito Federal (SindMetroDF) divulgou uma nota em que afirmou que uma falha na manutenção do METRÔ-DF causou incêndio no túnel da estação Central. “O governo aposta na falta de investimento, colocando vidas em risco. Lembrando que o problema foi avisado à empresa no início da tarde, nada foi feito, até ocorrer explosões à noite, num horário de pico que prejudica os trabalhadores de volta pra casa”, sustentou a nota.
De acordo com o Portal da Transparência, o governo Ibaneis deixou de investir R$ 1.173.656.781,00 na Companhia. Para a secretária de Comunicação e Mobilização do SindMetroDF, Neiva Lopes, o fato do governo dizer que não falta manutenção é ainda mais preocupante. “Se o Metrô tá falando que a manutenção tá bem e toda semana estamos com fatos novos graves acontecendo no Metrô então alguma investigação tem que ter dentro da companhia”, defendeu Neiva.
Falta de recursos
“O que nós estamos denunciando é falta de recursos humanos. Nós estamos há 10 anos sem concurso público e falta de investimento. Não tem investimentos o suficiente para o Metrô, que é um sistema completo”, assegurou a secretária do SindMetroDF. Ela argumenta que o governo investe muito mais no sistema de ônibus, em que as empresas são privadas do que no Metrô que é público.
Para Neiva a falta de investimentos é uma estratégia do governo para convencer a população sobre a privatização do sistema metroviário.
No Legislativo, o presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU), deputado Max Maciel (PSOL) destacou que já foram realizadas audiências públicas em que o GDF foi alertado sobre a necessidade de aprimorar os investimentos a partir das denúncias recebidas.
“O que aconteceu [incêndio ] foi um dos casos que vêm ocorrendo historicamente. Já teve profissionais que tomaram choque na rede, têm constantes furtos de cabos, ausência de profissionais que impedem o bom funcionamento do sistema”, destacou Maciel.
O parlamentar também reiterou os dados apresentados pelo SindMetroDF de que o governo deixou de investir mais de R$ 1 milhão desde 2019. “Apesar do GDF dizer que investiu, mas era preciso investir muito mais e por isso o governo Ibaneis foi o que menos investiu no Metrô, na comparação aos outros governos”, avaliou Maciel, acrescentando que “isso só demonstra a vontade deste governo de entregar [para a iniciativa privada] e a gente defende o Metrô, que é uma ferramenta do povo do Distrito Federal”.
Governo do DF
Em nota, o Metrô-DF informou que no dia 27 de outubro houve um “curto-circuito” em um equipamento de transmissão de energia da via na Estação Central. A estação foi fechada e Galeria permaneceu como estação terminal até o fim da operação”. Segundo a nota, a manutenção foi concluída na madrugada do dia 28 e a circulação foi retomada.
O Metrô disse ainda que foi constituída uma comissão para apurar causas e eventuais responsabilidades. “O incidente foi um evento isolado e a companhia já tomou medidas necessárias. O sistema opera normalmente com a habitual qualidade e segurança que o Metrô oferece a seus usuários diariamente”, destacou a nota.
Em relação aos questionamentos do Brasil de Fato DF sobre os gastos com manutenção, a gestão do Metrô afirmou que não faltam recursos para manutenção do sistema. “Todos os contratos de manutenção estão ativos e com disponibilidade de orçamento”. Segundo a companhia metroviária, o orçamento geral destinado à companhia no período de janeiro de 2019 até o momento, somam 2,9 bilhões de reais.
De acordo com nota, o orçamento para o custeio da manutenção da companhia o GDF disponibilizou para o Metrô-DF R$ 175,9 milhões em 2019; R$ 180,4 milhões em 2020; R$ 183,9 milhões em 2021; R$ 204,5 milhões em 2022 e R$ 196 milhões até o presente momento de 2023. Ainda segundo o Metrô-DF houve o montante total de R$ 941 milhões desde 2019 que garantiriam “recursos suficientes para a adequada manutenção do sistema”.
Fonte: Brasil de Fato